Ontem, ao assistir o Jornal Nacional, chorei. Embora eu saiba que ao ligar a televisão nos noticiários, provavelmente eu verei várias notícias de mortes, violência, tráfico, roubos, assaltos, seqüestros, fome, corrupção, entre tantos outros males que assombram nosso País, ontem eu não pude conter as lágrimas. Durante o dia, eu vi nas páginas de notícias na internet que mais uma criança havia morrido no Rio de Janeiro, vítima de um tiroteio entre polícia e bandidos. Contudo, como estou com o dobro de trabalho devido às férias do outro jornalista, não tive tempo para ler sobre o que se tratava. O fato é que o menino João Roberto, de apenas quatro anos, foi baleado na cabeça – tiro supostamente dado pelos policiais, na noite de domingo. Segundo depoimento do pai aos jornalistas, quando a mãe do menino percebeu que estava no meio de uma perseguição policial, tomou a decisão de encostar o carro, a fim de facilitar a passagem da polícia. Infelizmente, ela tomou a atitude errada. Ao invés de seguirem o carro dos assaltantes, os policiais fecharam o carro dela e, sem que tivesse tempo de se defender, eles metralharam o carro. Ali havia duas crianças, incluindo um bebê de nove meses. Paulo Roberto, o pai do menino grosseiramente morto por aqueles que deviam proteger nossas vidas, disse, visivelmente desesperado, que sua mulher ainda tentou jogar a bolsa das crianças na tentativa de mostrar que ali havia inocentes, e nada conseguiu. Fora isso, ela abriu a porta e pulou diante das balas para que seus filhos não fossem atingidos. Nada adiantou. O pequeno João Roberto foi atingido na cabeça e na barriga, sem chances de permanecer vivo. O pai continuou: “Sou taxista e saí no domingo para juntar um dinheiro para fazer a festa do meu filho. Eu nunca ia imaginar que eles iam executar minha família”. Ele completou dizendo que “restava, apenas, o corpo de seu filho morto e nada mais”. Chorei. Chorei porque vi o depoimento de um pai desconsolado. Chorei porque me assusta pensar que é esse mundo em que meu filho vai viver. Chorei porque aquele pai dormiria, a partir de ontem, sem um de seus filhos e, a festa tão sonhada não aconteceria mais. Chorei porque me indigna pensar que inocentes morrem a todo instante sem nada ser feito. Chorei porque me coloco no sofrimento desse pai e dessa mãe que verão, com certeza, o assassino do filho solto dentro de dias. Só nos resta, entretanto, pedir a Deus que cuide das nossas crianças. “Deixar vir minhas criancinhas, porque delas é o Reino dos Céus”. Amém!